Sabe o que te leva a comer demais? Algumas pessoas são mais suscetíveis a comer. Assim, lutar contra o nosso desejo de satisfação excessiva é uma tarefa desafiadora. O prazer obtido através do consumo de alimentos, mais do que as necessidades energéticas determinam a ingestão alimentar em humanos.
Por isso, vamos falar sobre dois mecanismos que regulam a fome, o sistema homeostático e o sistema de recompensa cerebral.
Sistema homeostático
O sistema homeostático inclui reguladores hormonais de fome, saciedade e dos níveis de adiposidade, tais como a leptina, grelina e a insulina, que atuam em circuitos cerebrais e do tronco cerebral, estimulando ou inibindo o apetite, para manter um balanço energético adequado.
Sistema de recompensa cerebral
O sistema de recompensa cerebral funciona através de vários mensageiros químicos, incluindo a serotonina, encefalina, ácido γ-aminobutírico , dopamina, a acetilcolina, entre outros, atuam em conjunto para proporcionar uma liberação de dopamina em alguns locais do cérebro.
Este circuito está implicado no prazer desencadeado por recompensas naturais, como os alimentos, e constitui a base neural para os fenômenos relacionados a vícios. Portanto, alguns problemas relacionados a comida também parecem estar relacionados a redes cerebrais que respondem à recompensa.
Dopamina no sistema de recompensa alimentar
Quando exposto a um estímulo gratificante, o cérebro responde através do aumento da liberação do neurotransmissor dopamina.
Nesse sentido, atualmente Wang e colaboradores sustentam a teoria da hipofunção dopaminérgica, sugerindo que o comer em excesso resulta de uma adaptação do cérebro dos indivíduos obesos para compensar a diminuição da função da dopamina.
Se uma atividade e disponibilidade dopaminérgica diminuída promove a ingestão alimentar, então o aumento da dopamina cerebral deveria produzir o efeito contrário, ou seja, inibir a ingestão.
Portanto, existem alguns antidepressivos e substancias que aumentam a disponibilidade de dopamina cerebral, não são anorexígenos, porém atuam nessa modulação como adjuvantes no emagrecimento.
Comportamento alimentar
Desse modo, o comportamento alimentar consiste num processo de interação dos sentidos e do comportamento, sendo composto por 3 principais componentes: “liking” (componente hedônico), “wanting”(motivação de incentivo) e “learning” (aprendizagem que permite fazer associações e predições), fenômenos que podem ser aplicados tanto a recompensas naturais (p. ex. alimentos) como a reforços artificiais (p. ex. substâncias químicas de adição)..
Em suma, verificou-se em estudos que indivíduos com excesso de peso têm um aumento do “wanting” e da ingestão energética na ausência de fome, comparados a indivíduos não obesos, em situações de stress psicológico. Sendo assim, isso reforça a ideia de que comemos quando estamos tristes ou ansiosos.
Nesse sentido, tanto a modulação química como a comportamental constituem uma oportunidade de desenvolver intervenções que visem corrigir hábitos alimentares, pelo menos em parte, através da modulação dos mecanismos de recompensa cerebral.
É esta capacidade de se sobrepor aos sinais fisiológicos e assim promover o aumento de peso que torna a motivação por recompensa (comer para obter prazer) tão relevante para a ingestão alimentar.
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Fonte:
RIBEIRO, G.; SANTOS, O. Recompensa alimentar: mecanismos envolvidos e implicações para a obesidade. Revista Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, v.8, n.2, 2013. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1646343913000400.
WANG, G.J. et al. Braindopamineandobesity. Lancet., v.357, n.9253, p.354–7. 2001.